Fluminense e Boca Juniors, irão se enfrentar na final da Libertadores no dia 4 de novembro de 2023 às 17h, horário de Brasília. A final, contém todos os tipos de ingredientes, dentro e fora do campo, estilos e ideias de jogo amplamente diferentes.
Mesmo com decisão ocorrendo no Rio de Janeiro, ambiente local para o Tricolor carioca, que lhe dá certa vantagem emocional para o confronto. A equipe do Boca deve contar com todo o apoio de sua apaixonada torcida que deve adquirir todos os ingressos a sua disponibilidade.
O tamanho dessa decisão!
O Fluminense já igualou seu maior feito em 2008 chegando na final da Copa Libertadores da América. É a segunda vez que a equipe alcança a fase final da competição, e com certeza não irá se contentar com apenas isso. Na primeira ocasião, o Flu acabou sendo derrotado pela LDU do Equador em decisão melancólica para os tricolores nos pênaltis, diante de sua torcida no Maracanã.
Agora, 15 anos após o traumático desfecho, terá novamente a chance de erguer a taça. Agora contra o gigante Boca Juniors, em final única, como se o próprio futebol tivesse planejado este momento para o tricolor das laranjeiras. Tudo que essa partida representa para a torcida do Fluminense só se equipara a tudo que representa para seu adversário.
O Boca Juniors é o padrão de equipe que a maioria dos clubes não gostaria de ver frente a uma decisão, ainda mais quando se trata de Libertadores da América já que Los Xeneizes colecionam 6 taças da competição (1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007 seu título mais recente diante do Internacional). De fato é inegável que a conquista internacional está no DNA do time. Mas esta conquista em particular teria um gosto especial.
Isso porque se o clube argentino confirmar o título continental mais uma vez, ele pode se tornar sem sombra de dúvidas o maior clube da américa. Pois chegaria a igualdade de taças com o Independiente, atual maior campeão da Libertadores com 7 troféus.
Porém a equipe de Avellaneda conquistou seu último título em 1984, simplesmente 39 anos atrás. A longevidade de seu recorde, liderando a fila no quesito internacional dos clubes na América do Sul é com certeza louvável. Mas isso é ao mesmo tempo uma maldição, quanto mais tempo sem retornar ao lugar mais alto do continente, a riquíssima história do clube segue envelhecendo, o que abre espaço para discussões e suposições.
Se o Boca de fato conquistar o sétimo título empatado com o Independiente, terá a vantagem de obter uma taça mais recente. Quem não tem nada haver com essa disputa de hierarquia é o embalado Flu, que pretende estragar essa festa e possibilidade. Colocando sua primeira placa na taça se juntando instantaneamente há Racing, Argentinos Juniors, Colo-Colo, Vélez Sarsfield, Vasco, LDU, Corinthians, Atlético-MG e San Lorenzo. Clubes com uma conquista.
O Campeão dessa Libertadores terá duas chances de vencer o mundial
Além da Libertadores ser uma das maiores conquistas possíveis dentro do futebol por si só. Ela ainda garante uma vaga para o mundial de clubes, competição essa que reúne os clubes campeões de suas confederações continentais. Sendo elas: UEFA (Europa), CONMEBOL (América do Sul), CONCACAF (América do norte e caribe), AFC (Ásia), CAF (África) & OFC (Oceania).
Porém este ano este prêmio classificatório será especial e duplo. Pois estará garantido em dois mundiais de clubes. Primeiro já este ano em 2023 já que disputará o título de campeão do mundo caso alcance a final do torneio, ao que tudo indica contra o Manchester City da Inglaterra. Porém mesmo se o clube vencedor dessa libertadores não chegar ao título ele terá uma segunda chance.
Essa em 2025, pois o clube vencedor da competição continental da América do sul já estará automaticamente classificado para o Super mundial de clubes em 2025. Este mundial tem um formato completamente diferente do já tradicional que conhecemos com sete equipes desde 2005. Este conta com 24 clubes e destina seis vagas para o continente sulamericano. Destas seis vagas já temos classificados os campeões das libertadores de 2021 e 2022, Palmeiras e Flamengo respectivamente!
Ainda há mais quatro vagas restantes para as equipes deste continente preencherem, duas delas via classificação sendo campeãs da libertadores de 2023 e 2024, além de mais duas vagas via Ranking Conmebol. Sendo assim, além da vaga para o Mundial de 2023, Fluminense ou Boca Juniors podem se classificar para o mundial de 2025 vencendo o campeonato de 2023.
O que o jogo promete?
A equipe de Fernando Diniz, já tem seu estilo decorado pelos adversários, uma equipe moldada pela posse de bola, de pressão após perda da posse, e que prefere defender com linhas altas à esperar pelo rival. Time que tem como principal forma de escape da marcação cerrada a mobilidade de seu ataque e do seu meio de campo organizado. Faltaria para uma equipe tão consciente de suas ações um homem gol para empurrar a bola para dentro. Na falta pra Diniz. Se o assunto é gol, faça o L, e clame por Germán Cano. São 36 gols marcados na temporada, 12 deles na “Liberta”.
O Fluminense no entanto já se provou mortal em todas as fases da competição, não apenas por Cano mas por sua trinca ofensiva que conta com Arias, Keno e John Kennedy que sempre entra muito bem nas partidas, vindo do banco de reservas. O meio tem mostrado muita solidez, principalmente ofensivamente falando com a criatividade de Ganso.
Já o Boca Juniors de Almiron aposta num estilo mais pragmático, que não precisa tanto da bola para mostrar a que veio. Prefere deixá-la com o adversário e reagir a seus movimentos, tenta estar presente em todos os setores e preencher espaços vazios a todo custo. A equipe tem um sistema fortíssimo de marcação apesar de no “cobertor curto” ter dificuldade em trocar passes assim que conseguem retomar a posse.
O time de Almirón joga no contra ataque e busca marcar forte durante os 90 minutos o que requer muito do aspecto físico de seus jogadores. Isso poderia abalar o ânimo da equipe nos minutos finais, o que poderia mexer com o emocional dos atletas após deixarem tudo em campo. Mas não é o que se prova durante as disputas de pênalti que o Boca tem levado de maneira interessante como possibilidade de plano de jogo.
O Boca não precisou vencer nenhum único jogo para chegar à final. Foram empates nas oitavas, quartas e semifinais. Todos os jogos decididos nos pênaltis tendo como sua última vítima o Palmeiras fora de casa. Realmente a equipe não sente apavoro em bater pênaltis longe da bombonera, e com certeza é algo que a estatística prova que o Flu de Diniz deve evitar.
É melhor que o torcedor do Fluminense nem se recorde, mas foi exatamente numa disputa de pênaltis no Maracanã, que o tricolor viu sua possibilidade de título escorregar pelos dedos. E é justamente contra o gigante boca especialista em eliminar adversários nos pênaltis que o Flu busca seu primeiro título.
Se a lógica se cumprir, o Fluminense deve propor o jogo e lutar com todas as forças para romper as linhas do Boca Juniors que andam sempre em sincronia. O bizarro seria após empates e empates em jogos onde o Boca só foi ao ataque quando necessário nessa Libertadores, o Boca tomou as ações desde o início mandando e ditando o ritmo da partida ofensivamente falando.
Análise tática Fluminense.
O tricolor de Diniz, deve vir com seu 4-2-3-1 mais uma vez. Com o incontestável Fábio no gol, responsável direto por lances capitais importantíssimo na jornada do clube até a decisão. E sua linha de zaga com com 4, apostando nas saídas por baixo com movimentação pelos lados geralmente conduzidas por Marcelo. E aí se iniciam dúvidas com a dupla de volantes, pois depende inteiramente do plano de Diniz de atacar com tudo logo no início da partida ou estudar um pouco o adversário.
A opção por André e Alexsander repeteco da semifinal com o colorado, poderia sugerir um Fluminense menos propositivo, mas o jovem meia tem tido mais liberdade para carregar a bola com a proteção de André que costuma carregar o piano na contenção. Porém a opção direta para o lugar de André seria trazer o meia atacante PH Ganso mais para traz para jogar como meia de ligação. Deixando a equipe em teoria ainda mais ofensiva e aberta.
Desta forma o time poderia jogar com duas linhas de 4 tendo Keno pela esquerda e Arias pela direita velocidade e criatividade no meio. É uma final não seria hora para testes, mas contra uma equipe que deve vir extremamente recuada porque duvidar das possibilidades que estão na cabeça de Fernando Diniz.
Apesar da fragilidade defensiva proposta por trazer Ganso mais para trás, é um meia que apenas se aproxima e cerca. Com tudo, isso abria a possibilidade de contar com John Kennedy ainda no primeiro tempo, jogando ao lado de Cano num 4-4-2. A dupla tem funcionado nas últimas partidas mas mesmo com todos esses aspectos favoráveis sair atrás numa final pode ser o fim do sonho.
Por conta disso, o normal é que Fernando Diniz siga um faro um pouco mais conservador nesta final e siga no 4-2-3-1 deixando Kennedy como opção de ouro para o segundo tempo.
Análise tática Boca Juniors.
Como já mencionado o Boca de Almirón, tem mostrado um estilo extremamente reativo nos seus jogos da Libertadores. Não é atoa que levou suas decisões para os pênaltis. E por que mexer logo na final num esquema que tem dado tão certo?
Não devemos ter alterações na escalação do Boca Junior para essa final, exceto por uma, mas esta é forçada. Por conta da expulsão do zagueiro esquerdo Rojo na partida contra o Internacional a vaga da posição deve ficar com Valentini, zagueiro jovem de 22 anos.
O Boca Juniors deve vir com suas duas linhas de 4, que devem garantir ao, digamos, mais estagnado, setor de meio campo do Boca a defender com 6 jogadores quase que durante todo o confronto. A ofensividade deve ficar a cargo de Merentiel e Cavani, ambos acionados muitas vezes pelo bom meia de ligação Guillermo Matías Fernández.
O Boca também têm boa opção de velocidade pelos lados, e pode aproveitar o contra-ataque com esticadas para habilidoso e Cristian Medina. Que deve jogar pelo lado direito defendido por Marcelo, jogador defensivo do Flu que mais vezes sobe ao ataque. O apoio constante de Marcelo pode ser o caminho para o Boca ser ofensivo nessa final. Mas tudo dependerá nessa duelo de opostos na capacidade das equipes de se recomporem ao perder a bola.
O clube argentino que espera por reagir aos movimentos de seu adversário já demonstrou que prepara um cenário para tirar velocidade do ataque de cada equipe que enfrentou nesta Libertadores. O Boca não conta com uma gama de opções no banco que ofereça mudanças de paradigma no setor ofensivo. Ainda sim tem Benedetto que previsivelmente deve entrar no segundo tempo caso o Flu esteja vencendo a partida.
Caminho para a Final: Tricolor das Laranjeiras
A equipe carioca se classificou em primeiro lugar no complicado grupo D com 10 pontos, tendo três vitórias, duas derrotas e um empate. Grupo esse que contava com Sporting Cristal, The Strongest e River Plate que ficou com a segunda vaga, já que o Flu tinha um saldo melhor.
Nas oitavas de final, o Fluminense encarou o Argentinos Juniors. Na primeira perna da decisão que terminou com o placar de 1 a 1 e duas expulsões para cada lado. Marcelo pelo Flu e Alex Arias que também levou cartão vermelho no segundo tempo. O gol do time argentino saiu dos pés de Gabriel Avalos de voleio. E a reação veio aos 87 com Samuel Xavier, um golaço de primeira que vai no ângulo de fora da área.
Com o empate no primeiro jogo a decisão seria decidida no Rio de Janeiro, melhor para o Fluminense que se classificou com tranquilidade vencendo a partida por 2 a 0. Com gols de Samuel Xavier e John Kennedy no segundo tempo.
Nas quartas de final, o tricolor recebeu em casa o Olimpia do Paraguai que havia eliminado um dos favoritos ao título, o Flamengo. Dito isso 2 a 0 para o Fluminense em partida incrível de Germán Cano. Os gols vieram primeiro com André de fora da área e depois ele mesmo Cano sem deixar cair colocou nas redes.
No Paraguai o desastre para o Olimpia foi ainda pior. 3 a 1 e classificação do Flu para a semifinal que não passou em nenhum momento por dúvida. Os gols do Fluminense foram marcados na partida de volta por Keno no primeiro tempo e mais duas vezes por Germán Cano durante a segunda etapa.
Na semifinal o Fluminense teve seu maior desafio na Libertadores ao jogar contra o Internacional, a primeira partida terminou com desfecho totalmente em aberto e a segunda seria na casa do colorado. O jogo no Rio terminou com placar de 2 a 2 e poderia ter sido uma derrota se não fosse pela genialidade de Cano e seu faro de gol nos minutos finais. O Fluminense ainda teria que lidar com a expulsão de Samuel Xavier.
No jogo de volta na casa do Internacional a equipe de Fernando Diniz precisou fazer o que ainda não tinha feito nesta fase de mata-mata. Reverter um placar desfavorável, Já que logo aos 10 minutos de partida já perdia por 1 a 0 gol de Gabriel Mercado pro Internacional. Então aos 81 veio o empate, claro que com ele Germán Cano e em sequência no finalzinho quando já se esperavam os pênaltis. 2 a 1 para o Flu gol de Cano para levar o time para sua segunda final.
Caminho para final: Os Xeneizes
O Boca Juniors também se classificou em primeiro lugar em seu grupo na Libertadores, no caso o grupo F. Grupo que tinha Deportivo Pereira, Colo Colo e Monagas. O time argentino conquistou 13 pontos tendo como resultados quatro vitórias, um empate e uma derrota. Grave bem 4 vitórias na fase de grupos pois o Boca não precisou vencer nenhuma vez a partir disso para chegar a final.
No primeiro jogo das oitavas de final jogou contra o tradicional Nacional do Uruguai fora de casa. Em jogo morno onde as equipes empataram por 0 a 0. Já na volta, esta sim cheia de emoção os times tornaram a empatar agora por 2 a 2. O Boca saiu na frente com Merentiel, mas não demorou quase nada a vantagem foi embora, já que o Nacional empatou com o Trezza.
No segundo tempo, gol de Advíncula para o Boca Juniors logo de cara, e aos 75 minutos de jogo tudo empatado novamente gol do Nacional mais uma vez que foi buscar com Ignacio Ramirez 2 a 2. A decisão iria para os pênaltis. Ramirez e Boca Negra perdem seus pênaltis e a disputa termina em 4 a 2. O goleiro Romero brilhou e não seria a última vez personagem do Boca nessa Liberta.
O Boca vai às quartas e pega o Racing, um de seus rivais na Argentina, nesta etapa da competição já dava pra ver que a equipe que não conseguisse marcar gols contra o boca no tempo normal estaria em grandes apuros nas decisões de penalidades.
Na primeira partida tudo igual empate por 0 a 0 na Bombonera que fervia. Em Córdoba, no Estádio Presidente Perón, o Racing devolveu a linda festa que a torcida do rival conduziu em Buenos Aires. Aproveitou e devolveu o placar zerado, mais um empate por 0 a 0, e mais uma decisão que foi para os pênaltis.
Logo na primeira cobrança, estava lá Romero para eliminar mais uma equipe do caminho do Boca Juniors, Piove pelo Racing bate e perde, e se inicia o massacre nos pênaltis. Por 4 a 1. Realmente Romero é um milagreiro nas cobranças, o goleiro tem um largo histórico de ir bem em decisões desse tipo. O Boca estava classificado para a semifinal contra o Palmeiras.
Com certezas os planos de Abel para o Palmeiras eram evitar a disputa de pênaltis. “Afinal cabeça fria, coração quente” (um bordão de Abel Ferreira). Sendo assim logo na primeira partida na Argentina mais uma linda festa da torcida e mais um 0 a 0.
No segundo jogo da decisão, que levaria uma das equipes a grande final. Cavani marcou finalmente para o Boca aos 23 minutos de carrinho, um gol que tinha muito do espírito do Boca nessa campanha memorável, que era pura raça, foco e determinação.
Marcos Rojo foi expulso em poucos minutos do segundo tempo e o sistema defensivo perfeito da equipe argentina nesta partida enfim demonstrava falhas. Então Piquerez empatou o jogo aos 73 minutos o que deu início a uma forte ofensiva do Palmeiras para tentar a todo custo evitar os pênaltis.
Parecia uma sentença do inevitável a cada minuto que passava os pênaltis se aproximavam, e num período sombrio para equipe alviverde, que realmente não tem lembranças boas contra o time da bombonera, teria que realizar uma façanha derrotar o time que melhor se apresentou nos pênaltis em sua especialidade.
O Boca começa perdendo com Cavani, herói do jogo, Veiga especialista do Palmeiras bate para defesa de Romero. Em seguida Valdez marca pro Boca e Gustavo Gomes perde. Dois dos pilares do Palmeiras de Abel desolados.
As cobranças seguem com conversões até que chegue a vez de Fernandéz que cobra e mata a disputa 4 a 2 para o Boca Juniors em 2023, o rei das penalidades. Portanto é prudente para o Fluminense segundo esse retrospecto e sua própria história na libertadores evitar a decisão por pênaltis.
Prováveis escalações
Fluminense: Fábio, Guga, Nino, Felipe Melo, Marcelo, André. Alexsander, Ganso, Áreas, Keno e Germán Cano. Técnico: Fernando Diniz
Boca Juniors: Romero, Advíncula, Figal, Valentini, Fabra, Medina, Guillermo Fernández, Ezequiel Fernández, Barco, Merentiel e Cavani. Técnico: Jorge Almirón